Em 1974 publicou o artigo Staff Burnout na revista científica Journal of Social Issues, dedicada a questões sociais e políticas públicas. Neste é apresentada a Síndrome de Burnout.
O termo escolhido significa falhar, desgastar ou ficar exausto por fazer exigências excessivas de energia, força ou recursos. Também é traduzido como “combustão completa”, o que remete a uma vela queimada até o fim.
No artigo apresenta os sintomas da condição, como os percebia na época, separando-os em físicos e comportamentais.
. Físicos: exaustão, fadiga, resfriados persistentes, dores de cabeça frequentes, distúrbios gastrointestinais, insônia e falta de ar.
. Comportamentais: raiva, irritação, impulsividade, sintomas do tipo paranoicos – quando o indivíduo tem a sensação de estar sendo inspecionado e avaliado o tempo todo, sentimentos de onipotência – que resultam em falta de flexibilidade e teimosia, e baixa tolerância a frustrações (1).
Alguns anos mais tarde, em 1980, publica o primeiro livro sobre o assunto, com contribuição de Geraldine Richelson, demonstrando que a chamada na época Síndrome de Burn-Out, não ocorria apenas em profissionais de saúde, mas em todas as categorias profissionais. Descreve então os sintomas novamente, como sendo:
. Exaustão emocional: sensação de esgotamento de recursos físicos e emocionais.
. Despersonalização ou cinismo: reação negativa ou excessivamente distanciada em relação às pessoas que devem receber o cuidado/serviço.
. Baixa realização pessoal: sentimentos de incompetência e de perda de produtividade (2).
2. Causas:
Existem diversas causas para a ocorrência do Burnout. Entre elas, as mais comuns estão citadas abaixo:
. Falta de controle sobre as demandas profissionais.
. Ambiente de trabalho tóxico ou pouco acolhedor.
. Exigências incompatíveis com os recursos disponíveis.
. Falta de reconhecimento ou suporte.
. Baixa rede de suporte social.
. Presença atual ou prévia de transtorno psíquico.
. História familiar de transtorno psíquico.
. Certos grupos profissionais, tais como executivos e líderes corporativos, profissionais da saúde e educação, bancários e trabalhadores de áreas de atendimento ao público estão mais suscetíveis. Entretanto, deve-se deixar bem claro, pode ocorrer em indivíduos de qualquer categoria profissional (3,4).
3. Como é feito o diagnóstico:
Os dois manuais diagnósticos mais utilizados na prática psiquiátrica são CID 11 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 11a Revisão; do inglês, International Classification of Diseases and Related Health Problems 11th Revision – ICD 11) (5) e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR: Texto Revisado (do inglês, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition, Text Revision (DSM-5-TR)) (6).
Infelizmente, a condição Burnout só está descrita na CID 11 e não está contemplada no DSM-5-TR.
Como será visto logo abaixo, os critérios diagnósticos não mudaram muito em relação aos propostos por Herbert Freudenberger.
3.1. Os critérios para Burnout apresentados pelo CID 11 são:
1. Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia: sensação de cansaço extremo, tanto físico quanto mental, que não melhora com o descanso. Esta dimensão reflete o impacto direto do estresse crônico, que drena os recursos físicos, emocionais e mentais do indivíduo, deixando-o incapaz de se recuperar adequadamente.
2. Aumento da distância mental do trabalho: esta distância é uma forma de a mente tentar se proteger do sofrimento causado pelo estresse crônico, quando o trabalho se torna uma fonte de frustração constante, esgotamento e pressão.
3. Sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho: atitude negativa ou indiferente em relação ao trabalho, colegas ou clientes. Estes sentimentos surgem como uma resposta ao estresse crônico e às frustrações acumuladas no ambiente de trabalho. Quando a pessoa percebe que seus esforços não são reconhecidos ou que as condições de trabalho não são saudáveis, ela pode adotar esta postura como uma forma de se proteger emocionalmente.
4. Sensação de ineficácia e falta de realização: a sensação de ineficácia e falta de realização é um dos sintomas mais impactantes do Burnout, pois afeta diretamente a autoestima e o senso de propósito da pessoa. Esta dimensão reflete a percepção de que o esforço investido no trabalho não resulta em resultados significativos, levando à desmotivação e à insatisfação profunda (5).
Nota: É importante ressaltar que os sintomas acima resultam frequentemente em procrastinação. Este critério não é apresentado pelo CID 11, embora seja muito comum em pessoas acometidas de Burnout. Se você não se sente reconhecido e está frustrado, querendo evitar tudo o que está relacionado ao trabalho, muito possivelmente procrastina tarefas e decisões importantes. Sua atenção fica sendo desviada para tarefas de menor importância ou mais prazerosas.
Porém, deve-se sempre diferenciar procrastinação da “sensação de procrastinação”. Neste caso, o indivíduo acumula uma quantidade de tarefas impossível de serem cumpridas nos devidos prazos. Isto ocorre por não estabelecer a prioridade de cada uma e também por não conseguir delegar algumas delas. Como resultado, fica sobrecarregado e com a sensação “de nunca dar conta do recado”.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves
Médico Psiquiatra Florianópolis
CRM/SC 20397–RQE/SC 11560