Nota: para todas as classes de antidepressivos, efeitos adversos podem ocorrer no início do tratamento e tendem a entrar em remissão após dois dias a uma semana de uso. Muitas vezes, a ocorrência de efeitos colaterais é um indicativo de que o medicamento será eficaz.

1. IRSSs (Inibidores da Recaptação de Serotonina):

Atuam através do aumento da disponibilização de serotonina. Isto ocorre através da inibição do receptor de recaptação de serotonina, função que deu origem ao nome desta classe de antidepressivos.

É importante ressaltar que a ação da serotonina nos receptores dos neurônios pós-sinápticos pode desencadear a liberação de outros neurotransmissores relacionados a sintomas depressivos, ansiosos e da dor. Assim, por exemplo, a ação da serotonina sobre o receptor 5HT1-B estimula neurônios dopaminérgicos e noradrenérgicos, o que resulta na maior liberação de dopamina e noranedralina no córtex pré-frontal.

. Fluoxetina: é ativadora devido ao fato de atuar também em noranedrenalina. As doses variam de 10 a 80mg por dia pela manhã. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do pânico, bulimia, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno disfórico pré-menstrual e transtorno depressivo persistente.

. Sertralina: também algum tem efeito ativador por atuar na via dopaminérgica. As doses variam de 25 a 200mg por dia, pela manhã ou à noite. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do pânico, bulimia, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social (fobia social) e transtorno depressivo persistente.

. Paroxetina: as doses variam de 10 a 60 mg por dia à noite. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do pânico, bulimia, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social (fobia social), transtorno depressivo persistente e transtorno do jogo (jogo patológico).

. Fluvoxamina: as doses variam de 50 a 200mg por dia à noite. IRSS que menos causa disfunções sexuais. É o medicamento mais usado no transtorno obsessivo-compulsivo. Indicado também para transtorno depressivo maior, transtorno do pânico e transtorno de ansiedade social (fobia social).

. Citalopram: as doses variam de 10 a 60 mg por dia à noite. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do pânico e transtorno disfórico pré-menstrual.

. Escitalopram: é um derivado do citalopram. As doses variam de 5 mg (para idosos geralmente) a 20mg por dia, podendo ser à noite ou pela manhã, visto que não tem efeito sedativo ou ativador importante. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de ansiedade social (fobia social).

> Principais efeitos colaterais: gastrointestinais – tais como náusea, dor abdominal, constipação intestinal ou diarreia, ansiedade, insônia, perda ou aumento do apetite (quase sempre aumento no caso da paroxetina), suor excessivo, tremores, disfunção sexual e agitação. No caso de idosos, deve-se ter atenção especial à possibilidade de ocorrer hiponatremia ou redução da coagulação do sangue.

2. IRSNs (Inibidores da Recaptação de Serotonina e de Noradrenalina):

Os compostos deste grupo atuam através do aumento da disponibilização de serotonina e noradrenalina diretamente na fenda sináptica. Isto ocorre através do bloqueio da recaptação dos dois neurotransmissores, deixando-os disponíveis para agir por mais tempo. Todos têm efeito ativador.

Além disso, pelo mecanismo de aumento de noradrenalina disponível para neurotransmissão, são considerados efetivos no tratamento de sintomas dolorosos, mesmo aqueles decorrentes de artrite reumatoide, neuropatia diabética, patologias da coluna, enfim, grande parte dos casos de dor crônica. Também têm eficácia na redução de sintomas da perimenopausa (ou seja, durante a pré-menopausa, a menopausa e a pós-menopausa), principalmente nos fogachos, sendo assim indicados para mulheres nesta condição.

. Venlafaxina: as doses variam de 75 a 225 mg por dia pela manhã. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social (fobia social), dor crônica e sintomas vasomotores na perimenopausa.

. Desvenlafaxina: é um derivado da venlafaxina. As doses variam de 50 a 200 mg por dia pela manhã. Indicado para transtorno depressivo maior, dor cônica e sintomas vasomotores na perimenopausa.

. Duloxetina: as doses variam de 30 a 120 mg por dia pela manhã. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno de ansiedade generalizada, dor cônica e sintomas vasomotores na perimenopausa.

> Principais efeitos colaterais: gastrointestinais – tais como náusea, dor abdominal, constipação intestinal ou diarreia, ansiedade, insônia, perda do apetite, suor excessivo, tremores, disfunção sexual e agitação.

3. IRND (Inibidor da Recaptação de Noradrenalina e Dopamina):

Neste grupo temos a bupropiona apenas. Trata-se de um composto que atua através do aumento da disponibilização de dopamina e noradrenalina diretamente na fenda sináptica destes dois tipos de neurônios. Isto ocorre através do bloqueio da recaptação dos dois neurotransmissores, deixando-os disponíveis para agir por mais tempo. Tem efeito ativador.

A grande vantagem desta classe é não causar disfunções sexuais, que geralmente é efeito colateral secundário à ação da serotonina. Ao contrário, podem aumentar a libido em alguns casos.

. Bupropiona: é o único representante desta classe. Está indicado nos casos de transtorno depressivo em que a função sexual não melhora, ou mesmo piora, com uso de outros antidepressivos. As doses variam de 150 a 450 mg por dia pela manhã. Indicado para transtorno depressivo maior, transtorno depressivo com padrão sazonal, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e tabagismo.

> Principais efeitos colaterais: agitação, ansiedade, insônia, perda do apetite, suor excessivo e tremores.

4. Moduladores da serotonina:

É uma classe mais recente de antidepressivos, que tem como principais benefícios a baixíssima probabilidade de causarem disfunção sexual e alterações do apetite.

São denominados de moduladores da serotonina, visto que agem na transmissão serotoninérgica de várias maneiras. Também têm ação multimodal, ou seja, atual na serotonina, dopamina e noradrenalina. O mecanismo de ação é:

a) inibir a recaptação de serotonina pelo neurônio pré-sináptico, aumentando a disponibilidade deste neurotransmissor para agir no neurônio pós-sináptico;

b) atuar em receptores serotoninérgicos no neurônio pós-sináptico como se fossem a própria serotonina;

c) atuar em receptores serotoninérgicos pré-sinápticos do tipo 5HT1-A, que aceleram a liberação de serotonina na fenda sináptica.

. Vortioxetina: as doses variam de 5 a 20 mg por dia, em qualquer horário, sendo orientado usá-lo com alguma refeição. Indicado para transtorno depressivo maior.

. Vilazodona: as doses variam de 10 a 40mg por dia, em qualquer horário, sendo orientado usá-lo com alguma refeição. Indicado para transtorno depressivo maior e transtorno de ansiedade generalizada.

> Principais efeitos colaterais: gastrointestinais – tais como náusea, dor abdominal, constipação intestinal ou diarreia, ansiedade e agitação.

5. Agonista melatoninérgico:

Atua através do aumento da disponibilização de noradrenalina e dopamina, além de atuar em receptores de melatonina, auxiliando no sono e na regularização do ciclo sono-vigília. Também não causa disfunções sexuais.

. Agomelatina: as doses variam de 25 a 50 mg por dia à noite. Indicado para transtorno depressivo maior.

> Principais efeitos colaterais: gastrointestinais – tais como náusea, dor abdominal, constipação intestinal ou diarreia, ansiedade, sonolência ou insônia e fadiga.

6. Outros:

Os dois antidepressivos mencionados abaixo, apesar de terem indicação para transtorno depressivo maior, são menos usados devido aos seus efeitos colaterais sedativos. Assim, em geral, são utilizados como tratamento da insônia.

> Inibidor Alfa-2:

A inibição de receptores alfa-2 tem como consequência o aumento de disponibilidade de noradrenalina e também de serotonina.

. Mirtazapina: as doses variam de 15 a 45 mg por dia à noite. Indicado para transtorno depressivo maior e insônia.

> Antagonista de Receptores de Serotonina e Inibidor da Recaptação de Serotonina:

Atua através do aumento da disponibilização de serotonina e atua em receptores serotoninérgicos pós-sinápticos simulando a ação da própria serotonina. Não causa disfunção sexual.

. Trazodona: medicamento usado para duas indicações: sono e depressão. Para agir como indutor do sono, usa-se, em geral, a dose de 50 a 100mg mg ao dia antes de dormir. Já como antidepressivo, as doses precisam ser a partir de 150mg até 400mg ao dia.

> Principais efeitos colaterais: sedação, gastrointestinais – tais como náusea, dor abdominal, constipação intestinal ou diarreia, ansiedade, sonolência, perda ou aumento do apetite, suor excessivo, tremores e disfunção sexual (apenas a mirtazapina).

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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves
Médico Psiquiatra Florianópolis
CRM/SC 20397–RQE/SC 11560