Caso você esteja pesquisando para crianças de seis anos ou menos, poderá ir direto para a próxima página, pois neste página os critérios diagnósticos se referem a indivíduos com sete anos ou mais.
O manual diagnóstico mais utilizado na prática psiquiátrica é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR: Texto Revisado (do inglês, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition, Text Revision (DSM-5-TR)). Existe também a CID 11 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 11a. Revisão; do inglês, International Classification of Diseases of Diseases and Related Health Problems 11st. Revision – ICD 11), menos utilizada. Os critérios diagnósticos apresentados são aqueles do DSM-5-TR.
2. Critérios diagnósticos para Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) em indivíduos com sete anos ou mais:
Os sintomas de TEPT sempre são de quatro tipos, classificados por letras, sendo que deve haver sintomas de todos os agrupamentos para um diagnóstico.
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático;
2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas;
3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental;
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (por exemplo, socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil).
Nota: O Critério A4 não se aplica à exposição por meio de mídia eletrônica, televisão, filmes ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho.
B. Sintomas intrusivos (presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência):
1. memórias intrusivas: lembranças invadem a mente, apesar de serem muito indesejadas e desagradáveis.
Nota: Em crianças acima de 6 anos de idade, pode ocorrer brincadeira repetitiva na qual temas ou aspectos do evento traumático são expressos;
2. pesadelos recorrentes relacionados ao trauma.
Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem conteúdo identificável;
3. flashbacks: momentos em que o indivíduo sente ou age como se o trauma estivesse acontecendo de novo, podendo chegar à falta de consciência sobre o meio externo.
Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer na brincadeira;
4. sofrimento ou reações fisiológicas intensas quando exposto a sinais internos ou externos que simbolizem o trauma: por exemplo, sofrimento ao sentir taquicardia nos casos em que ocorreu taquicardia durante o trauma (sinal interno) ou apresentar sudorese e tremores ao ver uma notícia na televisão envolvendo violência após ter sido sequestrado (sinal externo);
5. Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
C. Sintomas evitativos (evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos:):
1. esforços para evitar memórias, pensamentos ou sentimentos relacionados ao trauma ou muito semelhantes a este;
2. evitação de pessoas ou situações que provoquem memórias, pensamentos ou sentimentos relacionados ao trauma ou muito semelhantes a este: por exemplo, após um assalto em uma loja, não voltar a entrar em lojas.
D. Alterações negativas de humor e cognição (alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos):
1. incapacidade de relembrar alguma parte importante do trauma (geralmente devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool ou drogas);
2. crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas sobre o futuro de si próprio, de pessoas próximas ou do mundo: por exemplo, crenças tais como “eu sou mau”, “ninguém é confiável”, “o mundo é extremamente perigoso”;
3. cognições distorcidas e persistentes sobre a causa ou consequência do evento, provocando em geral que o indivíduo culpe a si mesmo ou aos outros pelo fato consumado de forma irreal;
4. estado emocional negativo persistente, tais como raiva, horror, medo e vergonha;
5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas;
6. sentimentos de desligamento ou de estranhamento em relação aos outros;
7. incapacidade persistente de vivenciar emoções positivas (por exemplo, incapacidade de vivenciar sentimentos de felicidade, satisfação ou amor).
E. Sintomas de excitação e reatividade (alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático, começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos):
1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos;
2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo;
3. hipervigilância: estado de permanentemente estado de alerta, como se algo muito ameaçador estivesse por acontecer;
4. resposta de sobressalto exagerada. Por exemplo, quando ouve um barulho qualquer assusta-se de forma muito intensa;
5. diminuição da concentração;
6. perturbação do sono (dificuldade para iniciar ou manter o sono, ou sono agitado).
F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de um mês. Tipicamente surgem em até três meses após o trauma, embora haja casos em que surjam depois de seis meses ou mais (denominado então de TEPT de aparecimento tardio). A duração dos sintomas tem grande variação individual, podendo remitir num período de até três meses após o trauma, ou então necessitar de tratamento.
G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (por exemplo., medicamento, álcool) ou a outra condição médica.
Em alguns casos ocorrem os chamados sintomas dissociativos. São sintomas persistentes ou recorrentes de despersonalização, que são experiências persistentes ou recorrentes de sentir-se separado e como se fosse um observador externo dos processos mentais ou do corpo (por exemplo., sensação de estar em um sonho; sensação de irrealidade de si mesmo ou do corpo ou como se estivesse em câmera lenta, e desrealização, que são experiências persistentes ou recorrentes de irrealidade do ambiente ao redor (por exemplo., o mundo ao redor do indivíduo é sentido como irreal, onírico, distante ou distorcido).
Por fim, como já mencionado, temos o TEPT com expressão tardia, se todos os critérios diagnósticos não forem atendidos até pelo menos seis meses depois do evento (embora a manifestação inicial e a expressão de alguns sintomas possam ser imediatas).
Assim como a maioria dos outros transtornos, existe uma demora considerável entre o início dos sintomas, com seus prejuízos consequentes, e a busca por tratamento. Em geral esta demora torna um pouco mais difícil a melhora clínica.
3. Tratamento para TEPT em indivíduos com sete anos ou mais:
O tratamento é feito com psicoterapia, sendo as mais indicadas a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e a Eye Movement Dessensitization and Reprocessing, que em português significa Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento dos Olhos. Em qualquer modalidade a Psicoeducação (orientações sobre causas, sintomas e tratamentos para o transtorno deve estar incluída).
Antidepressivos, ansiolíticos e/ou antipsicóticos geralmente são usados em associação com a psicoterapia. Mais sobre antidepressivos clique aqui.
Em torno de 70% dos casos há um ou mais transtornos psíquicos concomitantemente.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Médico Psiquiatra
CRM/SC 20397 │ CRM/RS 27099 – Registro Psiquiatria: RQE/SC 11560 │ RQE/RS 18112
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