f) Déficits no monitoramento de ações:
Para a realização de uma tarefa é necessário o monitoramento constante do que está ocorrendo. Isto é importante pois só assim será possível fazer ajustes de acordo com o andamento da atividade, o que, nas pessoas sem TDAH, em geral é feito de forma bastante automática. Entretanto, isto é um grande obstáculo para portadores de TDAH. Por exemplo, se o tempo disponível para uma atividade está se esgotando, fazendo-se necessário agilizar sua execução, em geral, não percebem tal necessidade.
g) Déficits na regulação do estado de alerta:
Ao realizar tarefas do dia a dia pode haver diminuições importantes do estado de alerta, resultando em cansaço, sonolência e muitas vezes tontura. Como consequência as tarefas são realizadas com lentidão e muitos erros podem ser cometidos.
O outro lado da moeda é a dificuldade, que é comum, em iniciar o sono. Ou seja, além da dificuldade em se manter alerta nas atividades realizadas durante o dia, existe uma dificuldade em “se desligar” das atividades cotidianas e relaxar para dormir.
h) Emoções intensas:
A instabilidade afetiva, embora não descrita nos critérios diagnósticos, ocorre com frequência. O indivíduo pode passar de uma atitude carinhosa e afetiva a uma situação de ira e revolta em segundos. Há dificuldade na regulação da expressão da emoção e estas são sentidas de forma muita intensa.
Por exemplo, um sentimento de tristeza pode ser vivenciado como uma tristeza profunda e muito desagradável. Ou então um simples contratempo pode gerar sentimentos arrebatadores de raiva e atitudes rudes e grosseiras. Devido a isto portadores de TDAH se descrevem como excessivamente sensíveis e reativos às circunstâncias.
i) Intolerância à frustração:
As pequenas frustrações, que são ocorrências comuns do dia a dia, são pouco toleradas pelo portador de TDAH. Como consequência o indivíduo perde o foco facilmente no que está fazendo e abandona atividades, o que pode gerar consideráveis perdas. Não é incomum desistirem de grandes projetos e até mesmo de um curso superior por não tolerarem frustrações comuns.
j) Desinibição:
Os comportamentos necessitam da capacidade de iniciar mas também de inibir ações. No caso de portadores de TDAH a inibição em geral está prejudicada. Isso se verifica especialmente nas interações sociais. Não conseguem, por exemplo, inibir a vontade de interromper alguém que está falando. Ou seja, existe muita impulsividade.
5. Comorbidades:
Comorbidade é a ocorrência de duas ou mais patologias psíquicas em um mesmo indivíduo. Por exemplo, alguém que seja diagnosticado com TDAH pode ser portador também de Transtorno de Ansiedade Generalizada, cuja sigla é TAG (para saber mais sobre esta condição clique aqui). Dizemos então que se trata de um caso de TDAH com TAG como comorbidade.
Em torno de 50% dos indivíduos afetados apresentam um ou mais transtornos psíquicos simultaneamente (comorbidade). Os mais comuns em crianças são transtornos ansiosos, transtornos depressivos, transtornos da aprendizagem e Transtorno Opositor Desafiante. Em adolescentes e adultos, dependência de álcool e/ou drogas, transtornos ansiosos e transtornos depressivos.
Em alguns estudos até 80% dos portadores de TDHA terá uma ou mais comorbidades. Não é incomum que a busca por tratamento ocorra devido aos sintomas do transtorno comórbido e não do TDA.
Para ler a parte final (tratamentos) clique aqui.
Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Psiquiatra em Florianópolis e Caxias do Sul
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