4. Causas:
A mídia e alguns setores do meio científico frequentemente apontam eventos, tais como vacinação e exposição ao mercúrio, como responsáveis pelo surgimento da doença. Entretanto, nenhuma destas possíveis causas tem comprovação.
De forma comprovada por estudos científicos os fatores conhecidos como de risco para a ocorrência de TEA são:
. idade avançada dos pais, especialmente do pai;
. exposição a drogas e alguns medicamentos como o ácido valproico durante a gestação;
. complicações na hora do parto, baixo peso ao nascer e parto prematuro;
. infecções durante a gestação, tais como rubéola e citomegalovírus;
. história familiar de TEA;
. alterações genéticas: em torno de 25% dos casos terá alguma alteração genética identificada após avaliação dos genes, sendo mais comum Síndrome de Rett, Síndrome do X Frágil, Síndorme de Angelman.
5. Comorbidades:
Até 70% dos casos de TEA ocorrem simultaneamente a outro(s) transtorno(s) psíquico(s). Os mais comuns são Deficiência Intelectual, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), distúrbios do sono, transtornos de ansiedade e transtornos depressivos.
6. Diagnóstico diferencial:
É importante sempre ressaltar que a presença de déficits na expressão verbal e/ou na interação social não necessariamente significa TEA. Abaixo três situações que podem levar a um diagnóstico errôneo de TEA:
1. O Transtorno da Comunicação Pragmática Social, que ocorre geralmente na infância, manifesta-se por déficits de linguagem para fins de interação social com dificuldades em se comunicar de forma a ser compreendido, em seguir regras convencionais de conversação e em entender significados implícitos da linguagem. Entretanto, nesta condição não se observam comportamentos restritos, estereotipados ou repetitivos e nem distanciamento social. Para saber mais leia o item 2.5 do artigo Transtornos específicos do desenvolvimento da criança clicando aqui.
2. Nos casos de Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) é comum haver isolamento. Entretanto, o distanciamento das pessoas não se dá por desinteresse nas interações sociais e sim por ansiedade, sendo que no íntimo há intenso desejo de poder estar em grupos. Aqui também não ocorrem comportamentos restritos, estereotipados ou repetitivos. Para saber mais clique aqui.
3. Algumas pessoas têm como característica de personalidade serem mais reservadas, sendo em geral denominadas de introvertidas. São indivíduos que gostam de ficar mais isolados, preferindo atividades solitárias a atividades em grupo.
7. Tratamento:
O tratamento tem como objetivos:
1. minimizar os déficits na interação e comunicação sociais;
2. atenuar os padrões de comportamentos, interesses e atividades repetitivos;
3. incentivar a independência no funcionamento diário e aprender habilidades para tanto;
4. manejar comportamentos que prejudiquem o dia a dia;
5. tratar outros sintomas ou transtornos que possam estar presentes.
Para qualquer idade é importante realizar psicoterapia. O método Análise do Comportamento Aplicada (ABA) tem sido o mais preconizado.
Para crianças em geral é necessário o envolvimento de uma equipe multidisciplinar com fonoaudiológo, terapeuta ocupacional e psicólogo. Alguns casos poderão necessitar de fisioterapeuta. No ambiente familiar e escolar as técnicas utilizadas nas terapias devem ser reforçadas e, para tanto, pais e professores precisam receber instruções claras.
Em algumas situações será necessário o uso de medicamentos. Os exemplos mais comuns são:
Antipsicóticos para casos de agitação extrema, insônia grave, tiques severos, agressividade (contra si ou terceiros), irritabilidade excessiva, rigidez cognitiva e comportamental que cause grande prejuízo funcional, movimentos estereotipados intensos;
Antidepressivos para irritabilidade excessiva, ansiedade e depressão;
Psicoestimulantes para desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Estima-se que apenas 10% das crianças não terão mais o diagnóstico na idade adulta. Entretanto, as que mantêm o diagnóstico podem ter sua condição em muito melhorada com o tratamento precoce. Muitos dos déficits observados no momento do diagnóstico podem melhorar consideravelmente com abordagem multidisciplinar adequada.
Curiosidade: no Brasil a Lei Berenice Piana instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA. Para acessar a íntegra da lei clique aqui.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves
Médico Psiquiatra Florianópolis
CRM/SC 20397–RQE/SC 11560