Os critérios diagnósticos apresentados pelo DSM-5-TR, que aplicamos para o diagnóstico de burnout são aqueles utilizados para Transtorno de Ajustamento (ou de Adaptação), considerando como fator estressor o trabalho, confome segue:
A. Desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais em resposta a um estressor ou estressores identificáveis ocorrendo dentro de três meses do início do estressor ou estressores.
B. Esses sintomas ou comportamentos são clinicamente significativos, conforme evidenciado por um ou mais dos seguintes aspectos:
1. Sofrimento intenso desproporcional à gravidade ou à intensidade do estressor, considerando-se o contexto cultural e os fatores culturais que poderiam influenciar a gravidade e a apresentação dos sintomas.
2. Prejuízo significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. A perturbação relacionada ao estresse não satisfaz os critérios para outro transtorno mental e não é meramente uma exacerbação de um transtorno mental preexistente.
D. Os sintomas não representam luto normal e não são mais bem explicados por transtorno do luto prolongado.
E. Uma vez que o estressor ou suas consequências tenham cedido, os sintomas não persistem por mais de seis meses.
Determinar o subtipo:
F43.21 Com humor deprimido: Humor deprimido, choro fácil ou sentimentos de desesperança são predominantes.
F43.22 Com ansiedade: Nervosismo, preocupação, inquietação ou ansiedade de separação são predominantes.
F43.23 Com misto de ansiedade e humor deprimido: Predomina uma combinação de depressão e ansiedade.
F43.24 Com perturbação da conduta: Predomina a perturbação da conduta.
F43.25 Com perturbação mista das emoções e da conduta: Tanto sintomas emocionais (p. ex., depressão, ansiedade) quanto a perturbação de conduta são predominantes.
3. Tratamento:
3.1. Tratamento medicamentoso:
Nem sempre será necessário o uso de medicamentos. Entretanto, essa pode ser uma poderosa ferramenta, ao menos a curto prazo. Nos casos em que se identifica um quadro depressivo franco, por exemplo, o uso de antidepressivos está indicado. Nos casos de insônia, medicamentos que auxiliam na indução e/ou manutenção do sono também podem ser usados.
Nota: A decisão pelo uso ou não de medicamentos sempre será em conjunto, onde psiquiatra e paciente decidem qual o melhor rumo a seguir.
3.2 .Tratamento não medicamentoso:
Sempre deve ser ressaltado que mesmo nos casos de uso de medicamentos, se não houver adesão do portador de Burnout às medidas não medicamentosas, o processo terá probabilidades muito menores de se resolver. Assim, seguir algumas orientações é de fundamental importância, e não apenas para o quadro atual, mas principalmente para a prevenção de recorrências.
a) Mudanças no estilo de vida:
. Prática de exercícios físicos: recomenda-se exercícios físicos ao menos três vezes na semana. E qual o melhor tipo? Aquele que lhe proporcionar mais prazer. Pode ser caminhadas, corridas, musculação, jogar futebol, vôlei ou tênis, natação ou qualquer outro tipo.
. Dieta saudável: para saber mais clique aqui.
. Técnicas de relaxamento: para saber mais clique aqui.
b) Mudanças no processo laboral:
. Identifique tarefas críticas: liste as atividades prioritárias e aquelas que podem ser delegadas ou adiadas. Isto é fundamental a fim de evitar a exaustação e a sensação de frustração por nunca conseguir terminar as tarefas planejadas do dia. Costumo orientar que categorize as tarefas em três níveis: alta prioridade (devem ser realizadas hoje), média prioridade (podem ser realizadas em uma semana) e baixa prioridade (podem se realizadas nos próximos quinze dias).
. Elimine tarefas desnecessárias: avalie se todas as atividades são realmente essenciais para os objetivos organizacionais e procure não se envolver no que não for fundamental para o andamento do seu trabalho.
. Crie metas realistas: estabeleça objetivos alcançáveis para evitar a frustração.
. No caso de cargos de gerência e supervisão, delegue tarefas: para tanto, reconheça as habilidades de cada membro de sua equipe. Confie no potencial dos colegas ou subordinados e delegue responsabilidades adequadas, dando autonomia. Entretanto, não caía em armadilhas: é comum que tarefas sejam delegadas e deixadas totalmente a cargo do subordinado ou colega. Nestes casos é comum ocorrer que a tarefa acabe por não ser feita e quem a delegou solidifique a crença de que só ele pode realizar toda e qualquer tarefa. Assim, sempre supervisione o que foi delegado. E não esqueça: ofereça capacitação continuada a todos.
. Comunicação clara: facilite um ambiente onde possam expressar suas dificuldades, mas que também que todos entendam quais sãp suas responsabilidades.
. Tempo para descanso: permita-se ter pausas durante o dia para relaxar ou então realizar alguma atividade que lhe dê prazer. Não deixe de tirar férias, se possível mais de uma vez ao ano. Reserve tempo para o lazer, sendo sugerido que pelo menos dois dias na semana sejam destinados apenas ao descanso. Nestes períodos defina períodos curtos de tempo para estar conectado com redes sociais e aplicativos de mensagens.
. Redefina seus propósitos: será que preciso chegar tão longe em tão pouco tempo como planejei? Em geral não.
4. Estou com Burnout, devo me afastar do trabalho?
Caso você não esteja em uma situação insuportável, especialmente nos casos de se identificar a presença de algum transtorno psíquico, a resposta é NÃO.
O afastamento do trabalho em geral não resolve o problema. Isto porque acaba por criar uma sensação permanente de preocupação e ansiedade pelo fato de não estar trabalhando. Assim, o afastamento, que serviria para o descanso, apenas causa prejuízos. Além disso, o afastamento pode aumentar o sentimento de frustração.
Por fim, ao se afastar do trabalho, as orientações para mudanças no processo laboral não poderão ser aplicadas.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves
Médico Psiquiatra Florianópolis
CRM/SC 20397–RQE/SC 11560