1. Introdução:
O Transtorno Agudo de Estresse (TAE) os sintomas se manifestam dentro dos próximos trinta dias a partir do evento traumático. A ocorrência desta condição é alta, embora não se saiba com muita exatidão qual é a sua prevalência. Isto porque a maioria dos casos não chegam a tratamento e os sintomas duram pouco tempo. As estimativas de prevalência variam de 20% a 50% das pessoas que vivenciaram algum evento traumático.
Embora seja um transtorno de resolução espontânea, os critérios diagnósticos e o tratamento são apresentados a seguir.
O manual diagnóstico mais utilizado na prática psiquiátrica é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR: Texto Revisado (do inglês, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition, Text Revision (DSM-5-TR)). Existe também a CID 11 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 11a. Revisão; do inglês, International Classification of Diseases of Diseases and Related Health Problems 11st. Revision – ICD 11), menos utilizada. Os critérios diagnósticos apresentados são aqueles do DSM-5-TR.
2. Critérios diagnósticos:
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático.
2. Testemunhar pessoalmente o evento ocorrido a outras pessoas.
3. Saber que o evento ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nota: Nos casos de morte ou ameaça de morte de um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental. 4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos, policiais repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil). Nota: Isso não se aplica à exposição por intermédio de mídia eletrônica, televisão, filmes ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho.
B. Presença de nove (ou mais) dos seguintes sintomas de qualquer uma das cinco categorias de intrusão, humor negativo, dissociação, evitação e excitação, começando ou piorando depois da ocorrência do evento traumático:
Sintomas de intrusão:
1. Lembranças angustiantes recorrentes, involuntárias e intrusivas do evento traumático. Nota: Em crianças, pode ocorrer a brincadeira repetitiva na qual temas ou aspectos do evento traumático são expressos.
2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o afeto do sonho estão relacionados ao evento. Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem conteúdo identificável.
3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse acontecendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em um continuum, com a expressão mais extrema sendo uma perda completa de percepção do ambiente ao redor.) Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer nas brincadeiras.
4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ou reações fisiológicas acentuadas em resposta a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
Humor negativo:
5. Incapacidade persistente de vivenciar emoções positivas (p. ex., incapacidade de vivenciar sentimentos de felicidade, satisfação ou amor).
Sintomas Dissociativos
6. Senso de realidade alterado acerca de si mesmo ou do ambiente ao redor (p. ex., ver-se a partir da perspectiva de outra pessoa, estar entorpecido, sentir-se como se estivesse em câmera lenta).
7. Incapacidade de recordar um aspecto importante do evento traumático (geralmente devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool ou drogas).
Sintomas de Evitação
8. Esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca do, ou fortemente relacionados ao, evento traumático.
9. Esforços para evitar lembranças (pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca do, ou fortemente relacionados ao, evento traumático.
Sintomas de Excitação
10. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade de iniciar ou manter o sono, sono agitado).
11. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expressos como agressão verbal ou física em relação a pessoas ou objetos.
12. Hipervigilância.
13. Problemas de concentração.
14. Resposta de sobressalto exagerada.
C. A duração da perturbação (sintomas do Critério B) é de três dias a um mês depois do trauma. Nota: Os sintomas começam geralmente logo após o trauma, mas é preciso que persistam no mínimo três dias e até um mês para satisfazerem os critérios do transtorno.
D. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., medicamento ou álcool) ou a outra condição médica (p. ex., lesão cerebral traumática leve) e não é mais bem explicada por um transtorno psicótico breve.
3. Tratamento:
O tratamento é feito com psicoterapia, sendo as mais indicadas a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e a Eye Movement Dessensitization and Reprocessing, que em português significa Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento dos Olhos. Em qualquer modalidade a Psicoeducação (orientações sobre causas, sintomas e tratamentos para o transtorno deve estar incluída).
Antidepressivos, ansiolíticos e/ou antipsicóticos geralmente são usados em associação com a psicoterapia. Mais sobre antidepressivos clique aqui.
Em torno de 70% dos casos há um ou mais transtornos psíquicos concomitantemente.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Médico Psiquiatra
CRM/SC 20397 │ CRM/RS 27099 – Registro Psiquiatria: RQE/SC 11560 │ RQE/RS 18112
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