3. Gravidade:
A gravidade da doença é definida pelo grau de déficit adaptativo, que é influenciado não apenas pelo QI, mas também pela presença de outros transtornos psíquicos, oportunidades de desenvolvimento, etc.
Para avaliação da gravidade utilizam-se os domínios conceitual, social e prático, conforme apresentado a seguir. Em todos os casos é comum haver dificuldades na regulação das emoções e do comportamento, tendendo a ser mais significativo quanto maior a gravidade.
3.1. Grau leve:
. Conceitual: os déficits são percebidos geralmente na idade escolar. Há dificuldades para aprender a ler e escrever. Quando adultos o pensamento é concreto e a memória é pobre. Pensamento concreto (incapacidade de pensar de forma abstrata) pode ser verificado em adultos através da incapacidade de o indivíduo interpretar provérbios. Por exemplo, ao perguntar o que significa “é melhor um pássaro na mão que dois voando”, a resposta será algo do tipo “pássaros são bonitos” ou “então pássaros voam”.
. Social: imaturidade nas relações, com muita dificuldade em perceber pistas sociais. A linguagem é imatura e concreta.
. Prático: são capazes para os cuidados pessoais (banho, vestir-se, etc), podendo em alguns casos requerer supervisão e incentivo. Necessitam de apoio para atividades complexas. Quando adultos necessitam de ajuda para compras, movimentações financeiras, decisões legais, etc. Podem conseguir trabalhar em atividades simples e ter amigos e relações amorosas.
3.2. Grau Moderado:
. Conceitual: os déficits são percebidos geralmente na idade pré-escolar. Quando em escola regular são bem claras as dificuldades de aprendizagem. Quando adultos necessitam de assistência na realização de tarefas conceituais, tais como escrita e cálculo.
. Social: a linguagem é simples. Muita dificuldade para interpretar pistas sociais.
. Prático: precisam bastante ensino para tornarem-se responsáveis pelo autocuidado e atividades domésticas. Quando adultos precisam de auxílio para o transporte, movimentações financeiras, decisões em saúde, etc. Podem conseguir trabalhar em atividades muito simples e com muito apoio.
3.3. Grau Grave:
. Conceitual: incapacidade para lidar com atividades conceituais (leitura, cálculo, etc).
. Social: a linguagem é muito pobre e a interação social é muito prejudicada.
. Prático: requerem apoio e supervisão para praticamente todas as atividades do dia a dia, mesmo quando adultos.
3.4. Grau Profundo:
. Conceitual: as capacidades conceituais são extremamente limitadas ou ausentes.
. Social: interação pobre ou quase ausente.
. Prático: dependem totalmente de terceiros para toda e qualquer atividade.
Abaixo está apresentada outra forma de classificar a condição de acordo com sua gravidade:
4. Causas genéticas mais comuns:
Em 50% dos casos a causa não pode ser estabelecida. Entre as causas conhecidas genéticas, duas são mais comuns:
4.1. Síndrome de Down (ou Trissomia do Cromossomo 21):
Nosso material genético é composto por 23 pares de cromossomos. No caso da Síndrome de Down, ao invés de dois cromossomos (um par) na posição 21, há 3 e por isso é chamada também de Trisossomia do Crossomo 21.
A prevalência é de um caso a cada 650 nascimentos. Em filhos de mães jovens é de 1 caso a cada 2 mil nascimentos. Em mães com mais de 45 anos é de 1 caso para 30 nascimentos. Ou seja, a idade materna é fator de risco de grande importância.
Imediatamente após o parto já é possível verificar sinais físicos que são característicos da síndrome: dobra palmar única e transversal (ao invés de três dobras curvas na palma das mãos), dedos curtos e grossos, protrusão da língua, boca pequena e nariz achatado.
Em geral são dóceis e dificilmente apresentam os problemas comportamentais e emocionais vistos nos casos de DI.
4.2. Síndrome do X Frágil:
Mais comum em homens.
Tem como características sintomas de autismo, pés chatos, face alongada com palato alto, orelhas grandes de abano e testículos largos.
5. Tratamento:
O tratamento medicamentoso, quando necessário, é feito de acordo com os sintomas existentes. Por exemplo, no caso de sintomas depressivos são usados antidepressivos e no caso de sintomas de agressividade são usados antipsicóticos.
O tratamento não medicamentoso é fundamental e tem por objetivos:
. reverter ou ao menos atenuar os déficits existentes;
. auxiliar no desenvolvimento neuropsicomotor;
. aumentar a probabilidade de independência;
. manejar comportamentos que interfiram negativamente na funcionalidade do paciente;
. melhorar a interação social.
Deve ser multidisciplinar, dependendo dos déficits existentes. Geralmente envolve psicoterapia com ênfase comportamental, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Psiquiatra em Florianópolis e Caxias do Sul
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