2. Diagnóstico e sintomas do Transtorno de Ansiedade Social (TAS):
Os dois manuais diagnósticos mais utilizados na prática psiquiátrica são:
. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR: Texto Revisado (a sigla DSM-5-TR deriva do título original em inglês: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition, Text Revision (DSM-5-TR)).
. Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 11a. Revisão – CID 11 (título original em inglês: International Classification of Diseases and Related Health Problems 11st. Revision – ICD 11).
A CID 11 é utilizada no Brasil oficialmente para codificação dos transtornos psíquicos. Entretanto, na prática, utilizamos o DSM-5-TR como guia diagnóstico, visto que a apresentação dos transtornos é mais completa e objetiva. Assim, os critérios diagnósticos utilizados aqui são aqueles apresentados pelo DSM-5-TR. Isto não cria discrepâncias, uma vez que os tipos de transtornos psiquiátricos e os grupos a que pertencem seguem as mesmas regras nos dois manuais.
Para o diagnóstico de TAS os seguintes critérios devem ser atendidos:
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por parte de outras pessoas. Isso pode ocorrer em interações sociais comuns do dia a dia (por exemplo, manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ao ser observado (por exemplo, comendo ou bebendo) e em situações de desempenho diante de outros (por exemplo, proferir palestras);
B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade (por exemplo, suar excessivamente, apresentar tremores nas mãos, gaguejar) pois acredita que esta situação seria avaliada negativamente pelas outras pessoas. Pensa que por isto seria constrangido, humilhado e rejeitado;
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade;
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade;
E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e o contexto sociocultural;
F. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida.
O indivíduo com TAS apresenta altos níveis de ansiedade pelo medo de ser ridicularizado em público, julgado negativamente, humilhado, rejeitado, considerado enfadonho, sujo ou desagradável, motivo de chacotas e gozações e/ou alvo de críticas. Tende a se considerar inadequado, diferente e “esquisito”. Facilmente fica ruborizado, tem dificuldades para se comunicar com outras pessoas e se isola evitando ao máximo situações sociais.
É comum também ficar temeroso de que em frente a outras pessoas faça “algo estranho”, inapropriado, ofensivo ou então apresente sinais de ansiedade, tais como tremores, gagueira, sudorese e enrubecimento da face. Pode evitar beber, comer, escrever, assinar papeis, falar e gesticular em público.
Este medo é desproporcional à real probabilidade de uma avaliação negativa e de uma possível rejeição. Pode pensar, por exemplo, que por ter simplesmente se expressado em uma reunião de trabalho será posteriormente criticado e rejeitado por colegas.
Em geral todas estas dificuldades se devem à baixa autoestima. O indivíduo tem uma avaliação muito negativa de si mesmo e acredita que os outros terão a mesma impressão.
Pode haver ansiedade antecipatória, quando ocorre grande apreensão e preocupação horas ou mesmo dias antes de um evento social. Em casos mais severos, isto ocorre todos os dias, por medo de enfrentar situações cotidianas com colegas de trabalho, por exemplo.
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