2. Critérios para o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA):
Os dois manuais diagnósticos mais utilizados na prática psiquiátrica são:
. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR: Texto Revisado (a sigla DSM-5-TR deriva do título original em inglês: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition, Text Revision (DSM-5-TR)).
. Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 11a. Revisão – CID 11 (título original em inglês: International Classification of Diseases and Related Health Problems 11st. Revision – ICD 11).
A CID 11 é utilizada no Brasil oficialmente para codificação dos transtornos psíquicos. Entretanto, na prática, utilizamos o DSM-5-TR como guia diagnóstico, visto que a apresentação dos transtornos é mais completa e objetiva. Assim, os critérios diagnósticos utilizados aqui são aqueles apresentados pelo DSM-5-TR. Isto não cria discrepâncias, uma vez que os tipos de transtornos psiquiátricos e os grupos a que pertencem seguem as mesmas regras nos dois manuais.
Os critérios para o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido anteriormente como Autismo, pouco se modificaram ao longo do tempo. Ainda hoje é entendido como um transtorno caracterizado por sintomas em dois domínios: comprometimento da comunicação e interação sociais e comportamentos estereotipados, restritivos e repetitivos. A exceção é o critério hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente, que foi incluído há poucos anos.
Em todos os casos os sintomas devem ter início cedo na infância. Porém, deve-se enfatizar que em algumas situações os sintomas podem não ser evidentes em fases mais precoces. Intervenções terapêuticas, rede de apoio, uso de estratégias compensatórias e menor gravidade da condição podem fazer com que o diagnóstico ocorra de forma mais tardia. Tipicamente nestes casos os sintomas ficam mais claros à medida em que as demandas do ambiente social e escolar se tornam mais complexas e então as dificuldades decorrentes da condição prejudicam mais o funcionamento no dia a dia.
Outro ponto importante deve ser esclarecido: em alguns casos os sintomas não estão presentes até aproximadamente os dois anos de idade. Pelo contrário, poderá haver aquisição das habilidades de linguagem e interação social conforme o esperado para a faixa etária, porém em torno de dois anos tais habilidades são perdidas.
Os dois domínios e seus respectivos sintomas, conforme a classificação diagnóstica DSM-50TR, estão apresentados abaixo. Na página seguinte é apresentado um detalhamento explicativo de cada critério.
Para o diagnóstico todos os 3 sintomas do domínio A e pelo menos 2 do domínio B devem estar presentes e devem causar prejuízo ou limitações no funcionamento diário.
A. Domínio déficits persistentes na comunicação e interação social em múltiplos contextos:
1. Déficits na reciprocidade socioemocional;
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social;
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos.
B. Domíno padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades:
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos;
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal;
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco;
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente.
Feito o diagnóstico, alguns especificadores são usados para uma melhor descrição de cada caso. Como poderá ser visto, infelizmente os casos com altas habilidades não estão contemplados.
. com ou sem déficit intelectual;
. com ou sem déficit na linguagem;
. associado à condição médica ou genética;
. associado a outro transtorno mental, do neurodesenvolvimento ou comportamental;
. com catatonia;
. início (especificar a idade de início).
Para um detalhamento dos critérios diagnósticos e outras informações clique aqui.
Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Psiquiatra em Florianópolis e Caxias do Sul
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