2. Diagnóstico do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG):
Para o diagnóstico de TAG devem ser atendidos os critérios abaixo:
A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, em relação a diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional).
B. Dificuldade para controlar a preocupação.
C. Devem também estar presentes três ou mais dos seguintes sintomas:
1. Inquietação e/ou sensação de estar com os nervos à flor da pele;
2. Fadiga;
3. Dificuldade em concentrar-se e/ou sensações de “branco” na mente;
4. Irritabilidade;
5. Tensão muscular;
6. Perturbação do sono.
Como para qualquer outro transtorno psíquico, os sintomas devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
3. Detalhamento dos sintomas de TAG:
a) Preocupação excessiva:
O sentimento básico do TAG é medo. E como consequência direta ocorre preoupação excessiva, que é o medo de que algo ruim aconteça. Tanto a intensidade quanto a duração da preocupação é desproporcional ao que é temido e de fato muitas vezes o temor sequer se justifica, pois a possibilidade de “que algo dê errado” é muito remota.
É tão comum estar apreensivo que o portador não percebe isto como uma situação exagerada. “Sim, me preocupo com tudo, mas isso é normal” ou “tem que ser assim, porque esta é a forma mais correta de evitar problemas”.
Qualquer coisa pode ser motivo de preocupação, desde tarefas simples do dia a dia até situações de risco imaginárias, tais como perder todo o patrimônio, estar com uma doença rara e gravíssima, etc.. Não existe um estímulo específico, como no caso de Transtorno de Ansiedade Social, onde a ansiedade ocorre na presença de outras pessoas. No TAG tudo é fonte de apreensão.
Geralmente deseja que as atividades sejam realizadas logo ou os acontecimentos ocorram o quanto antes. Isto para dar fim à apreensão de que algo dê errado, o que provoca sensação constante de urgência.
b) Inquietação:
Manifesta-se por aceleração do pensamento e da atividade motora. Do ponto de vista psíquico ocorre um fluxo muito grande de preocupações com pensamentos rápidos que causam confusão mental. Do ponto de vista físico o indivíduo anda de um lado para o outro, inicia várias atividades e não consegue finalizá-las, fala muito, fica balançando as pernas, etc. São comuns reações de sobressalto, ou seja, reações intensas na presença de estímulos externos e internos menores.
c) Irritabilidade:
É uma consequência do permanente estado de hipervigilância associado ao mal estar persistente. O indivíduo reage de forma excessiva a estímulos externos menores, pois os estímulos são sentidos como algo indesejado e perturbador. Manifesta-se por intolerância, impaciência, raiva e sensação de que pode explodir a qualquer momento, fazendo com que fique “ranzinza”. Está sempre “à flor da pele”.
d) Tensão muscular:
O estado permanente de alerta faz com que o sistema muscular fique tensionado o tempo todo. Esta situação pode causar dores pelo corpo.
e) Fadiga:
O indivíduo sente-se cansado com muita facilidade. Do ponto de vista físico a tensão muscular constante o torna mais suscetível à fadiga física. Do ponto de vista psíquico as preocupações e tentativas de evitar eventos negativos acaba por causar fadiga mental. Assim enquanto alguém sem TAG deixa as atividades do dia fluírem tranquilamente, o indivíduo portador da condição está constantemente lutando para manter-se seguro contra possíveis perigos e desfechos negativos.
f) Dificuldade em concentrar-se:
A diminuição de concentração e atenção é muito comum devido ao fato de o indivíduo estar sempre perdido em preocupações. Assim não consegue manter o foco. Devido a este sintoma é comum indivíduos com TAG acreditarem serem portadores de Transtorno de Déficit de Atenção (TDA).
g) Perturbação do sono:
A dificuldade para iniciar o sono é chamada de insônia inicial. Esta ocorre pois o indivíduo não consegue desligar de suas preocupações e continua em estado de hipervigilância e apreensão enquanto tenta dormir. Não consegue entrar em estado de relaxamento. Muitas vezes não são apenas as preocupações que o impedem de “desligar” e sim pensamentos de todo tipo que ficam invadindo a sua mente.
O indivíduo também tende a despertar várias vezes durante a noite pela dificuldade em relaxar e permanecer nos estágios profundos do sono, ao que chamamos de insônia intermediária. Quando desperta na madrugada há dificuldade em reiniciar o sono, pois a mente fica repleta de preocupações e pensamentos do dia a dia.
Outro ponto importante é que ficar preocupado com a possibilidade de não dormir ou então de dormir mal por si só já é um motivo para insônia. Ou seja, a pessoa não dorme bem porque tem medo de dormir mal.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Psiquiatra em Florianópolis e Caxias do Sul
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