1.3. Tipos de ataques de pânico:
A ocorrência de ataques de pânico nem sempre significa um diagnóstico de Transtorno do Pânico. A seguir as características mais típicas de ataques de pânico em indivíduos sem diagnóstico psiquiátrico, com diagnóstico psiquiátrico que não seja Transtorno do Pânico e com Transtorno do Pânico:
• Indivíduos sem diagnóstico: é quase a regra haver um fator desencadeante, um evento de vida que cause muito medo. Por exemplo, falar para um grande público ou receber uma notícia sobre algum acontecimento muito grave com uma pessoa próxima. Os ataques de pânico tendem a não ser graves e ocorrem de forma isolada, ou seja, não são recorrentes;
• Indivíduos com diagnóstico psiquiátrico que não Transtorno do Pânico: os ataques de pânico também ocorrem por um fator desencadeante. Entretanto este fator não é geralmente algum evento de vida e sim algo relacionado com o transtorno psíquico que o indivíduo possui e que eleva muito seus níveis de ansiedade. No caso do Transtorno de Ansiedade Social (fobia social), por exemplo, podem ocorrer quando o indivíduo estiver exposto a um grande grupo de pessoas, visto que situações sociais causam medo intenso. São recorrentes;
• Indivíduos com Transtorno do Pânico: os ataques de pânico são inesperados e não têm qualquer fator desencadeante ou gatilho. Como será visto adiante a condição de ocorrerem sem fator desencadeante é essencial para que seja dado um diagnóstico de Transtorno do Pânico. Podem se manifestar, por exemplo, durante o sono, quando o indivíduo acorda inesperadamente já apresentando os sintomas. Apesar de serem inesperados, alguns indivíduos reconhecem quando uma crise está iniciando, pois o primeiro sintoma tende a ser sempre o mesmo (por exemplo, tontura, visão turva, palpitação). São sempre recorrentes e geralmente intensos, sendo a sensação descrita como tão desagradável e assustadora que o sentimento é de se estar prestes a desmaiar, manifestar uma doença muito grave – como um ataque cardíaco, enlouquecer ou morrer.
2. Transtorno no Pânico:
2.1. Introdução:
O Transtorno do Pânico pode ocorrer com ou sem Agorafobia (descrita no próximo item). Estima-se que 4,5% das pessoas apresentam em algum momento de suas vidas Transtorno do Pânico, sendo que um terço destas terão também Agorafobia e dois terços não terão. Se considerarmos pesquisas em que são contabilizadas as prevalências nos últimos doze meses, 2,5% das pessoas adultas têm Transtorno do Pânico, sendo 1,6% sem Agorafobia e 0,9% com Agorafobia.
Como na maioria dos transtornos de ansiedade e de humor ocorre mais no sexo feminino, numa proporção de 2 mulheres para cada homem. A idade média para diagnóstico é entre 20 e 30 anos de idade, podendo ocorrer antes, embora isto seja muito incomum.
2.2. Critérios diagnósticos:
A ocorrência de ataques de pânico, como já mencionado, não é o mesmo que ter Transtorno do Pânico, visto que podem ocorrer em vários tipos de transtornos psíquicos e até mesmo em indivíduos sem qualquer transtorno. O diagnóstico é dado quando os critérios abaixo são atendidos:
A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados (os critérios para ataque de pânico foram apresentados anteriormente).
B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas das seguintes características:
1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”).
2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas).
A frequência dos ataques de pânico varia muito, podendo ocorrer diariamente ou até poucas vezes na semana ou no mês. Quando menos frequentes geralmente é porque o portador de Transtorno do Pânico evita uma grande quantidade de situações que podem desencadear ataques de pânico. Estas evitações contribuem em muito para os prejuízos e as incapacidades que a condição provoca. Isto porque a vida do portador vai ficando cada vez mais limitada a fim de evitar as situações temidas.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Psiquiatra em Florianópolis e Caxias do Sul
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