2. Como é feito o diagnóstico de TOC:
Os dois manuais diagnósticos mais utilizados na prática psiquiátrica são:
. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR: Texto Revisado (a sigla DSM-5-TR deriva do título original em inglês: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition – Text Revision).
. Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 11a Revisão – CID 11 (título original em inglês: International Classification of Diseases and Related Health Problems 11th. Revision – ICD 11).
A CID 11 é utilizada no Brasil oficialmente para codificação dos transtornos psíquicos. Entretanto, na prática, utilizamos o DSM-5-TR como guia diagnóstico, visto que a apresentação dos transtornos é mais completa e objetiva. Assim, os critérios diagnósticos utilizados aqui são aqueles apresentados pelo DSM-5-TR. Isto não cria discrepâncias, uma vez que os tipos de transtornos psíquicos e os grupos a que pertencem seguem as mesmas regras nos dois manuais.
2.1. Critérios diagnósticos para TOC conforme DSM-5-TR:
A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas:
Obsessões são definidas por (1) e (2):
1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados, em algum momento durante a perturbação, como intrusivos e indesejados e que na maioria dos indivíduos causam acentuada ansiedade ou sofrimento.
2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação (i. e., executando uma compulsão).
As compulsões são definidas por (1) e (2):
1. Comportamentos repetitivos (p. ex., lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais (p. ex., orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas.
2. Os comportamentos ou os atos mentais visam a prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam a neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos.
Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses comportamentos ou atos mentais.
B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p. ex., tomam mais de uma hora por dia) ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.
D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., preocupações excessivas, como no transtorno de ansiedade generalizada; preocupação com a aparência, como no transtorno dismórfico corporal; dificuldade de descartar ou se desfazer de pertences, como no transtorno de acumulação; arrancar os cabelos, como na tricotilomania [transtorno de arrancar o cabelo]; beliscar a pele, como no transtorno de escoriação [skin-picking]; estereotipias, como no transtorno de movimento estereotipado; comportamento alimentar ritualizado, como nos transtornos alimentares; preocupação com substâncias ou jogo, como nos transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos; preocupação com ter uma doença, como no transtorno de ansiedade de doença; impulsos ou fantasias sexuais, como nos transtornos parafílicos; impulsos, como nos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta; ruminações de culpa, como no transtorno depressivo maior; inserção de pensamento ou preocupações delirantes, como nos transtornos do espectro da esquizofrenia e outros no transtorno do espectro autista).
Especificar se:
Com insight bom ou razoável: O indivíduo reconhece que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são definitiva ou provavelmente não verdadeiras ou que podem ou não ser verdadeiras.
Com insight pobre: O indivíduo acredita que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são provavelmente verdadeiras.
Com insight ausente/crenças delirantes: O indivíduo está completamente convencido de que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são verdadeiras.
Especificar se: Relacionado a tiques:
O indivíduo tem história atual ou passada de um transtorno de tique.
2.1. Tipos de obsessões e compulsões:
2.1.a) Obsessões:
Como visto acima, obsessões podem se manifestar por pensamentos (mais comum), impulsos ou imagens. Abaixo estão descritos os conteúdos mais comuns.
a) De contaminação: crer que está contaminado(a) por germes e, em muitos casos, que possa também contaminar outras pessoas. Por isso, a pessoa acometida pela condição pode ficar muito ansiosa quando entra em contato com sujeira, produtos químicos ou simplesmente por ter tocado um objeto.
b) De simetria ou de ordem: desconforto intenso quando o indivíduo visualiza objetos que não estejam perfeitamente alinhados, organizados ou simétricos.
c) De verificação: incerteza de ter feito corretamente uma ação que, caso contrário, represente algum risco real. Por exemplo, ficar em dúvida persistente sobre se trancou a porta de casa, se desligou aparelhos domésticos ou se escreveu corretamente uma mensagem.
d) De violação da moral/religiosidade: medo de cometer ou ter cometido pecados, ou não cumprir ou não ter cumprido regras religiosas, estando constantemente preocupado em não transgredir as regras morais ou religiosas. Preocupação com ser moralmente correto em todas as situações.
e) De conteúdo amedrontador: conteúdo de natureza violenta, ou sexual. Por exemplo, imagens intrusivas de que está tendo relações sexuais com um familiar.
2.1.b) Compulsões:
a) De contaminação: lavagem excessiva das mãos, roupas e objetos, tomar banho muitas vezes ao dia e ficar muito tempo no banho.
b) De simetria e ordem: organizar ou rearranjar objetos repetidamente para garantir que fiquem simétricos.
c) De verificação: verificar repetidamente o que foi recém-feito e possa representar algum tipo de risco se não tiver sido feito ou feito corretamente. Por exemplo, revisar inúmeras vezes um texto que escreveu, se desligou o fogão ou se está em posse de documentos pessoais quando sai de casa.
d) De contagem: contar objetos, passos ou repetições de ações. É comum que, enquanto estiver contando, ficar na dúvida se o fez corretamente e iniciar novamente a contagem várias vezes.
e) De violação da moral/religiosidade: revisar inúmeras vezes sua conduta moral.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves
Médico Psiquiatra em Florianópolis, Mestre, PhD
CRM/SC 20397–RQE/SC 11560