2. Critérios diagnósticos:
Abaixo a apresentação do transtorno na CID 11:
Um transtorno que pode se desenvolver após a exposição a um evento ou a uma série de eventos de natureza extremamente ameaçadora e apavorante. Em geral eventos prolongados e repetitivos dos quais evadir-se é difícil ou impossível. Por exemplo, tortura, escravidão, ambientes de genocídio, violência doméstica prolongada, abuso sexual ou físico repetitivo na infância. Todas as exigências diagnósticas para o TEPT não complexo devem ser satisfeitas (no final do artigo está o link para o artigo sobre TEPT não complexo).
Além disso, o TEPTc é caracterizado pelas seguintes características:
1) problemas na regulação do afeto;
2) crenças sobre si mesmo(a) diminuídas, de fracasso ou desvalia, acompanhadas por sentimentos de vergonha, culpa ou falha relacionada ao(s) evento(s) traumático(s);
3) dificuldades em manter relacionamentos e em se sentir próximo(a) aos outros. Esses sintomas causam prejuízo significativo pessoal, familiar, educacional, ocupacional ou em outras importantes áreas do funcionamento.
Como pode ser visto, infelizmente a CID 11 não contempla um tipo de evento traumático muito importante causador de TEPTc, que é aquele em que ocorre risco à integridade moral. Este é um tipo de evento traumático que cada vez mais se tem considerado como causador de qualquer forma de transtorno relacionado ao estresse/trauma.
Em relação ao risco à integridade física e emocional, em geral, não há dúvidas sobre a quais situações está se referindo. Por outro lado, risco à integridade moral é um conceito ainda em evolução.
Atualmente tem sido entendido como um tipo de trauma psicológico que provoca culpa, vergonha e/ou crise espiritual intensas. Além disso, em geral, envolve:
. violação importante de crenças morais, normas éticas e/ou normas espirituais;
. traição em relacionamentos;
. testemunho de atrocidades cometidas por pessoa de confiança;
. ataque à identidade e/ou autoestima do indivíduo.
3. Fatores protetores para não desenvolver TEPTc:
Pesquisas têm demonstrado que a presença dos fatores abaixo diminuem a ocorrência de TEPc.
. rede de suporte social confiável e presente;
. tentar continuamente retornar ao seu nível de funcionamento anterior ao evento estressante/traumático;
. evitar se culpar ou culpar outros pelo evento ocorrido;
. bom nível de autocuidados de uma forma geral antes e após o evento;
. ausência de transtorno psiquiátrico antes e após o evento;
. tratamento precoce.
4. Tratamento:
Assim como na maioria dos outros transtornos, existe uma demora considerável entre o início dos sintomas, com seus prejuízos consequentes, e a busca por tratamento. Em geral, esta demora torna um pouco mais difícil a melhora clínica.
O tratamento é feito com psicoterapia, sendo as mais indicadas a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e a Eye Movement Dessensitization and Reprocessing, que em português significa Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento dos Olhos. Em qualquer modalidade a Psicoeducação (orientações sobre causas, sintomas e tratamentos para o transtorno) deve estar incluída.
Antidepressivos, ansiolíticos e/ou antipsicóticos geralmente são usados em associação com a psicoterapia. Mais sobre antidepressivos clique aqui.
O tratamento tende a ser mais longo que nos casos de TEPT não complexos.
Em torno de 70% dos casos há um ou mais transtornos psíquicos concomitantemente, sendo comuns Transtornos de Personalidade.
Para ler sobre TEPT não complexo clique aqui.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Médico Psiquiatra
CRM/SC 20397 │ CRM/RS 27099 – Registro Psiquiatria: RQE/SC 11560 │ RQE/RS 18112
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