Temperamento é o conjunto de características específicas de cada indivíduo que influencia de forma ampla as suas percepções, emoções e cognição, fazendo com que tenha um certo padrão de comportamento que se mantém ao longo da vida. Já está presente desde fases muito precoces.
Enquanto a personalidade vai sendo construída através das experiências e do aprendizado social, o temperamento é algo herdado (genético) e biológico, que depende menos das experiências, fazendo com que seja de mais difícil modificação pela ação consciente do indivíduo. São componentes genéticos que determinam a forma e funcionamento de circuitos neuronais, reações hormonais, padrão de liberação de neurotransmissores e assim por diante.
Os três traços de temperamento mais relacionados a transtornos de ansiedade estão resumidos abaixo:
1. Propensão à preocupação: pré-disposição para responder com tensão e apreensão a eventos futuros. Isto ocorre pela necessidade de proteger-se de uma ocorrência negativa, que em geral é considerada altamente provável. O indivíduo tende a aumentar a importância de estímulos que considera potencialmente ameaçadores ou negativos de uma forma geral e interpreta estímulos neutros como perigosos. A possibilidade de um desfecho indesejado é considerada sempre a possibilidade mais provável. Existe hipervigilância como forma de estar a atento a possíveis ameças;
2. Hipersensibilidade: pré-disposição a interpretar sensações corporais como sinal de que algo está errado em relação ao físico ou psíquico, e por isso tem como consequência a ativação do sistema de alarme contra o perigo. Por exemplo, uma sensação de dor no peito é interpretada como um ataque cardíaco em curso. Ou então um momento de confusão mental seria um sinal de início de um estado de loucura. O mecanismo é autoalimentado, pois, quanto mais a pessoa se sente ameaçada pela sensação física, mais ansiosa ela fica e vice-versa;
3. Intolerância à incerteza: caracteriza-se pela dificuldade em lidar com a ambiguidade, novidade e mudança possível fora do controle do indivíduo (por isso pessoas ansiosas muitas vezes são “controladoras”). Essa reação negativa ao incerto vem da possibilidade, mesmo que remota, de desfechos negativos e perigos. Pessoas com baixos níveis de incerteza à tolerância tendem a considerar as situações seguras e esperam pelo melhor desfecho, ao contrário daquelas com altos níveis, que tendem a considerar as situações como ameaçadoras e preocupantes. Como consequência desta superestimação de desfechos negativos há a crença de que é inaceitável não saber de antemão o que irá acontecer em cada situação.
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Dr. Daniel Maffasioli Gonçalves – Psiquiatra em Florianópolis e Caxias do Sul
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